O supercomputador Watson, fabricado pela IBM, venceu um jogo de perguntas contra dois humanos que haviam sido os melhores colocados de todos os tempos na competição.
O jogo, chamado Jeopardy!(Arrisque-se!, em tradução livre), consiste em ouvir dicas sobre algum assunto e fazer a pergunta certa. Os participantes devem apostar nas suas próprias "respostas" - que têm sempre o formato de perguntas.
Os participantes humanos eram Ken Jennings, que havia obtido o recorde de 74 vitórias consecutivas na série, que é líder de audiência na TV norte-americana, e Brad Rutter, que havia ganho o maior prêmio na competição, US$ 3 milhões.
Foto dos participantes e do apresentador [imagem: IBM]
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O participante eletrônico é Watson, um supercomputador batizado em homenagem ao fundador da IBM, Thomas Watson. Ele honrou bem o nome que recebeu, assim como o de seu antecessor eletrônico, Deep Blue, o supercomputador que venceu o campeão de xadrez Garry Kasparov, em 1997.
Não tão elementar
É difícil comparar os competidores. Estima-se que um cérebro humano consuma 20 watts, enquanto o Watson consome 80 kilowatts - ele nem mesmo ficou na sala onde acontece o programa, mas um piso acima, em uma sala especial para a "sobrevivência" de computadores, o que inclui refrigeração a água, geradores e no-breaks.
Junto aos competidores, Watson aparecia como um símbolo claramente inspirado no HALL9000, do clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço, embora o sintetizador de voz não fosse tão bom.
Mas certamente esta não é a comparação que se deve fazer.
O fato é que, embora seja o supercomputador Watson que está levando a fama, com seus circuitos de silício, o grande vencedor nesse embate histórico é o software que está rodando nele.
O programa que venceu Kasparov tinha que lidar com um jogo lógico e previsível, seguindo regras simples, que podem ser facilmente traduzidas em termos matemáticos.
Mas um jogo em que dicas, frases soltas, e até palavras, devem ser interpretadas, compreendidas e traduzidas em perguntas que façam sentido é algo muito diferente.
Este é o "corpo" do supercomputador Watson, incluindo sua memória e seu cérebro. [Imagem: IBM]
Inteligência artificial
Certamente Watson e seus algoritmos constituem o produto mais acabado, o estado da arte, da chamada inteligência artificial, uma área de pesquisas que surgiu fazendo grandes promessas, mas que cedo compreendeu estar enfrentando um desafio mais complicado do que o previsto inicialmente.
E ao vencer um desafio tão mais próximo do humano, da comunicação humana, o programa pode estar muito mais próximo de uma utilização prática.
O supercomputador Deep Blue deu muita exposição de mídia e reforço de marca para a IBM, mas não resultou em nem um centavo de receita adicional para a empresa, menos ainda em uma nova área de negócios.
Mas compreender palavras e expressões, incluindo gírias e termos ambíguos, coloca o programa em condições de atender a necessidades já existentes e que valem bilhões de dólares no mercado.
Aplicações práticas
A comparação com o Google é inevitável. Quando você quer descobrir algo, obter uma informação, ou mesmo a resposta para uma pergunta, você digita no formulário de busca algumas palavras relacionadas ao tema e espera que o Google lhe indique sites e documentos onde você mesmo poderá encontrar as respostas.
O novo programa pode lhe dar as respostas diretamente a partir de uma base de dados.
O supercomputador Watson não estava ligado à internet, ele é meramente um conjunto enciclopédico de dados, que os engenheiros da IBM estimam ser o equivalente a 1 milhão de livros. Dê-lhe acesso a todos os sites do mundo e seu poder de digerir e "compreender" informação crescerá de forma explosiva.
Qualquer dicionário lhe responderá instantaneamente o significado de uma palavra dada. Mas peça uma palavra para representar uma determinada situação e você começará a ter problemas.
Watson e seu software podem tentar. Pelo menos eles se saíram melhores do que os campeões humanos nessa tarefa.
Isto poderá ser de grande utilidade para procurar casos médicos semelhantes ao que se está tratando, respostas para o problema de um cliente ligando para um 0800 ou a jurisprudência para um determinado caso.
Ou para um novo mecanismo de busca que consiga conversar mais amigavelmente com seus usuários.
Este é o "rosto" do supercomputador Watson. [Imagem: IBM]
Nós vencemos
Mas será que o Watson representa o antecessor da Skynet, a poderosa rede que adquiriu consciência e dominou o mundo distópico do filme Exterminador do Futuro?
Um antecessor muito distante certamente. Watson representa o primeiro sistema artificial capaz de entender razoavelmente uma conversa com humanos.
Antes de adquirirem qualquer coisa próxima a uma consciência de si mesmos, os computadores terão que se tornar capazes de evoluir, melhorando a si próprios, dispensando os programadores. Mas isto ainda é assunto para ficção científica.
O fato é que o computador é uma das ferramentas mais valiosas que o homem já construiu. E continuará sendo cada vez mais útil.
O que nos leva à conclusão bastante simples de que quem realmente venceu hoje não foram os computadores - fomos nós, os humanos, e nossas maravilhosas criações.
Fonte: Inovação Tecnológica
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